Possíveis compreensões da Síndrome de Fibromialgia a partir da perspectiva sistêmica e da teoria da subjetividade
Palavras-chave:
PsicologiaResumo
Esse artigo visa propor reflexões em torno da compreensão das dores crônicas e especialmente da Síndrome de Fibromialgia (SFM) compreendida nesse artigo como fenômeno complexo e que é produtor de processos subjetivos que se organizam de forma configuracional e que funciona dentro da lógica dialética, articulando aspectos sociais, histórico situados e culturais. Desse modo, seu modo particular de funcionamento possui relações com aquilo que a literatura especializada denominou paradigma sistêmico, que surgiu como resposta na tentativa de superar as miopias e cegueiras epistemológicas produzidas pelo pensamento cartesiano e positivista. Desse modo, o texto busca responder sobre a possibilidade de compreensão da SFM a partir da cosmovisão sistêmica assim como ilustrar, por meio de vinheta clínica, como dinâmicas e enredos dentro do sistema sociofamiliar podem agenciar a produção de circunstâncias que guardam relação com a fenomenologia de um quadro fibromiálgico. Para isso, inicialmente será apresentada a contextualização da SFM no âmbito global assim como a dimensão conceitual que define a problemática musculoesquelética em discussão, dentro do arcabouço da Teoria da Subjetividade de González Rey. Em segundo momento, será realizada a apresentação da perspectiva sistêmica e sua relação com a SFM. Por fim, por meio de vinheta clínica buscar-se-á tecer considerações sobre as pertinências entre a SFM e fenômenos de um psicodinamismo familiar, seguido das considerações finais que apontam que aspectos sociofamiliares possuem significativo imbricamento e influência na configuração subjetiva que se forma em conjunto com aquilo que se expressa como SFM.Referências
BOSZORMENYI – NAGY, Ivan; SPARK, Geraldine M. Leatades invisibles: reciprocidade em terapia familiar intergeneracional. Buenos Aires: Amorrortu, 2008.
CIEZA, Alarcos; CAUSEY, Kate; KAMENOV, Kaloyan; HANSON, Sarah Wulf; CHATTERJI, Sommath; VOS, Theo. Global estimates of the need for rehabilitation based on the Global Burden of Disease study 2019: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2019. Lancet 2020; 396: 2006 – 2017.
ELKAÏM, M. As terapias familiares intergeracionais. In: ELKAÏM, M, (org.). Panorama das terapias familiares. Tradução: Eleny Corina Heller. São Paulo: Summus, 1998. v. 1, 336 p. ISBN 85-323-0614-4.
GBD 2019 Diseases and Injuries Collaborators. Global burden of 369 diseases and injuries in 204 countries and territories, 1990–2019: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2019. Lancet 2020; 396: 1204–22
GONZÁLEZ REY, Fernando Luís. Sujeito e subjetividade: uma aproximação histórico-cultural. Raquel Souza Lobo, Tradução São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2005.
______________. Sentidos subjetivos, linguagem e sujeito: implicações epistemológicas de uma perspectiva pós-racionalista em psicoterapia. In: Holanda, A. F. (Org.). O campo das psicoterapias: reflexões atuais. Curitiba: Juruá, 2012, p. 47 – 70.
______________. Subjetividade e saúde: superando a clínica da patologia. São Paulo: Cortez, 2011.
GONZÁLEZ REY, Fernando Luiz; MARTÍNEZ, Albertina Mitjáns. Subjetividade: teoria, epistemologia e método. Campinas: Alínea, 2017.
MALLMANN, João Antônio de Assis. Hipnose, complexidade e dores crônicas: um percurso teórico. Tese (Doutorado em Psicologia Clínica e Cutlura) - Universidade de Brasília. Brasília. 224p. 2018.
MARQUES, Amelia Pasqual et al . A prevalência de fibromialgia: atualização da revisão de literatura. Rev. Bras. Reumatol., São Paulo, v. 57, n. 4, p. 356-363, 2017.
MATTOS, Rafael da Silva. Fibromialgia: o mal-estar do século XXI. Phorte, 2015.
MORIN, Edgar.; LE MOIGNE, Jean Louis. A inteligência da complexidade. São Paulo: Peiropolis; 2000.
NEUBERN, Maurício da Silva. Hipnose, dor e subjetividade: considerações teóricas e clínicas. Psicologia em Estudo, v. 14, n. 2, p. 303 – 310, 2009.
_________________________. Hipnose como proposta psicoterápica para pessoas com dores crônicas. Psicol. Argum., v. 32. n. 77, p. 159 – 169, 2014.
PENSO, Maria Aparecida; COSTA, Liana Fortunato. A transmissão geracional em diferentes contextos: da pesquisa à intervenção. São Paulo: Summus, 2008.
PENSO, Maria Aparecida; COSTA, Liana Fortunato PENSO, M. A.; RIBEIRO, Maria Alexina. Aspectos teóricos da transmissão transgeracional e do genograma. In: PENSO, M. A.; COSTA, L. F (Org.). A transmissão geracional em diferentes contextos: da pesquisa à intervenção. São Paulo: Summus, 2008. p. 9 – 23.
PRIEUR, Bernard (org.). As heranças familiares. Lisboa: Climepsi, 1999.
SOMMER, C. HÄUSER, W. BURGMER, M.; ENGELHARDT, R. et al. Ätiologie und Pathophysiologie des Fribromyalgiesyndroms. Springer – Verlag, n. 26, p. 259 – 267, 2012.
TRACHTENBERG, Ana Rosa Chait; KOPITTKE, Cynara Cezar; PEREIRA, Denise Zimpek T.; CHEM, Vera Dolores Mainieri; MELLO, Vera Maria Homrich Pereira. Transgeracionalidade: de escravo a herdeiro: um destino entre gerações. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2005.
VASCONCELLOS, Maria José Esteves. Pensamento sistêmico: o novo paradigma da ciência. 11 ed. Campinas: Papirus, 2018.
YAKIRA, E. La causalitè de Galilèe à Kant. PUF: Paris, 1994
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Considerando a Lei nº 9.610, de 19.02.98 que altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e rege outras providências, a Revista declara as seguintes condições com relação aos Direitos Autorais:
1. Todos os direitos editoriais são reservados a Revista. Nossas revistas são de acesso aberto, gratuitas e sem cobranças de taxas. A aceitação do trabalho para a publicação implica a transferência de direitos do autor para a revista, sendo assegurada a mais ampla disseminação da informação.
2. O autor retém seus direitos morais no artigo, incluindo o direito de ser identificado como autor sempre que o artigo for publicado.
3. A Revista poderá, mediante solicitação formal do autor, autorizá-lo a publicar o artigo na forma de capítulo ou parte de livro.
4. O autor pode fazer fotocópias do seu trabalho, ou distribuí-lo por meio de correio eletrônico ou fax, desde que destinadas às suas próprias aulas e com finalidade de atender objetivos de pesquisa, sob a condição de que: (a) tais cópias não sejam revendidas e (b) referência a fonte original da publicação e o nome da Revista (mantenedora dos direitos de autorais) estejam indicados claramente em todas as cópias feitas do trabalho.