A representatividade religiosa no legislativo brasileiro: uma análise do primeiro ano da 56ª legislatura da Câmara dos Deputados.

Resumo

Este artigo pretende compreender as formas de intersecção entre religião e política no Brasil, a partir da análise da representatividade das formações religiosas no primeiro ano da 56ª legislatura (2019 – 2022) da Câmara dos Deputados. Considerando que a Câmara dos Deputados é uma instituição que reverbera valores da sociedade, foi selecionado o primeiro ano da legislatura mais recente desta casa legislativa. Para compreensão do período pesquisado, buscou-se, inicialmente, verificar o contexto políticos onde observou-se uma instrumentalização da religião para fins eleitorais. Levou-se em consideração ainda os dados do Censo religioso de 2000 e 2010, para compreensão da representatividade religiosa no contexto nacional. A análise do modo como a religião é representada e se comporta neste na Câmara dos Deputados foi realizada a partir do levantamento, seleção e indexação de todas as proposições com conteúdo religioso apresentadas no período. Um banco de dados destas proposições foi criado e elementos como autoria e partido político dos propositores das proposições de cunho religioso foram levados em consideração para construção da análise. Posteriormente foram criadas categorias a partir das formações religiosas que se apresentaram com intuito de verificar a representatividade delas no contexto estudado. Os dados permitiram constatar que a tão falada diversidade religiosa Brasileira não se observa, nem no cenário nacional e nem no contexto político pesquisado, mas observa-se um pluralismo religioso relativo, com os debates acerca da religião sendo pautados, majoritariamente, por atores políticos e por religiões cristãs, com uma baixa representatividade das outras formações religiosas.